PESQUISA Data de Publicação: 21 fev 2025 12:09 Data de Atualização: 21 fev 2025 18:00
O Câmpus Canoinhas está estudando três tipos de flores de corte com potencial de produção e comércio na região do Planalto Norte: statice, gladíolo e girassol. As pesquisas são conduzidas pelo Grupo de Estudos em Fertilidade e Nutrição de Plantas, do curso de Agronomia. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento da agricultura na região.
Os primeiros experimentos começaram em agosto de 2023 com a statice, também conhecida como flor-de-papel ou lavanda-do-mar. Embora ainda pouco conhecida na região, a statice é bastante popular no mercado de flores por causa da durabilidade após a colheita (mantendo a cor e formato por longos períodos), variedade de cores (roxo, rosa, branco, azul e amarelo), versatilidade de uso em arranjos florais frescos e secos e valor comercial.
“Após as primeiras etapas da pesquisa, concluímos que a statice possui grande potencial para produção aqui na na nossa região, como alternativa de diversificação para pequenas propriedades. Ela não precisa de grandes áreas, não depende de manejos complexos, é rústica e se adaptou bem às condições climáticas”, explica a coordenadora do projeto, Eliziane Luiza Benedetti.
Atualmente, os experimentos de campo estudam as melhores formas de adubação para as cultivares amarela, azul e rosa. O grupo de estudos tem parceria com o Campus Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Com os girassóis, as pesquisas começaram no ano passado em parceria com o projeto Flores Para Todos, desenvolvido pela equipe PhenoGlad da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os experimentos são com uma variedade anã de girassol de corte, para buquê. O objetivo é testar a influência da adubação na produção e qualidade do girassol, também com enfoque na agricultura regenerativa.
Outro estudo, junto com a UFSC de Curitibanos, está testando três cultivares de girassol para atender a demanda em datas especiais, como o Dia da Mulher (8 de março), Dia das Mães (2º domingo de maio) e Dia dos Namorados (12 de junho). O estudo está em fase inicial de condução em campo nas duas instituições, em Canoinhas e Curitibanos.
Já as pesquisas com gladíolos ou palmas de Santa Rita são mais recentes. No último semestre, foram conduzidos dois experimentos para ver a adaptação de quatro variedades: branca, rosa, vermelha e amarela. “Como o solo daqui tem baixo teor de fósforo, trabalhamos com adubações que melhorem a fertilidade e estimulem o crescimento das raízes”, explica professora Eliziane.
Agregando valor à produção de flores
Além de pesquisar a viabilidade de produção de flores comerciais na região, o Câmpus Canoinhas também investe em formas de agregar valor à produção, com a utilização de flores em artesanato. É o que propõe o projeto de extensão “Flores-Terapia: Cultivo e artesanato com flores como terapia para pacientes oncológicos e pessoas em vulnerabilidade social“.
Realizado em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social I (Cras) de Canoinhas e Associação dos Pacientes Oncológicos de Canoinhas e Região (Apoca), o projeto foi lançado durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Câmpus Canoinhas, em novembro do ano passado, quando aconteceu a primeira oficina de artesanato com flores secas aberta à comunidade.
A artesã Cleonice da Silveira Vogt gostou muito da oficina da SNCT. Mas não foram só os arranjos que lhe chamaram a atenção. Ela também conheceu uma forma diferente de secar flores. “Vou experimentar secar as flores em casa. Estou pensando em trabalhar com a produção de flores secas, fazendo a ligação entre produtores e artesãos”, conta Cleonice, que usa o artesanato como opção terapêutica, aprendizado e socialização.
“O artesanato vai além de simples objetos decorativos; reflete a identidade cultural da região. Cada peça conta uma história, combinando a habilidade manual e a criatividade”, destaca a professora de Artes do Câmpus Canoinhas, Carla Sussenbach.